quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Os Swans

                                                      
Mais um dia chato de terça a noite, voltando do trabalho o relógio marcava cerca de dez da noite, fazer hora extra era um saco, mas fazer hora extra no auge do inverno era um saco duplo.
Eu ficava olhando para os pequeninos flocos de neve caindo no meu coturno e pensava comigo,“ Preciso comprar um carro.” Não era assim tão simples devido a minha pouca renda mensal e uma ex mulher sugadora. Mas afinal andar cinco ou seis quilômetros não fazia mal a ninguém.
No meio do meu trajeto melancólico de trabalho-casa vi uma garotinha encolhida frente a um portão grande, atual casa dos Swan. Ela mantinha a cabeça abaixada entre as pernas e repetia um chorar baixinho e um soluço cortante, aparentava ter uns dez anos no Maximo onze, seus cachinhos dourados estavam cobertos por neve fria ela vestia apenas um vestidinho branco de seda e tremia de frio.
Fiquei comovido pela cena, não podia deixa-la ali sem amparo algum. Aproximei-me e toquei seu ombro. Ela levantou a cabeça tão rapidamente que eu me assustei, tinha algo errado com os seus olhos, onde um dia parecia ter havido um azul vivido era quase branco como a esclera, já onde havia o branco estava colorido por um vermelho irritado.
Eu sempre acreditei em histórias de monstros e fantasmas e confesso que tremi quando ela me olhou daquele jeito. Porém eu não deveria me ligar a bobagens e abandona-la ali, então perguntei:
—O que você esta fazendo aqui a fora assim? Aconteceu alguma coisa.
Ela secou as lagrimas dos olhinhos estranhos, pegou a minha mão e disse que iria me mostrar.
Adentramos os portões da casa dos Swan e eu percebi o quanto silencioso de mais a propriedade parecia.
Quando abrimos as portas da sala principal eu fiquei horrorizado, os membros de toda a família estavam mortos, o cômodo coberto por sangue gélido e apenas um deles tinha uma arma em mãos com um buraco de saída no crânio que espirrara sangue por toda a parede bem pintada.
Trêmulo e com receio de perguntar eu me dirigi a garotinha:
—O- o que aconteceu aqui?        
A pequena menina debulhada em lágrimas novamente e em soluços começou falar:
O senhor Arnold Swan Irmão do dono da propriedade chegou na reunião de família e bêbado e raivoso, primeiro ele começou gritar e a derrubar as coisas, eu ouvia tudo quietinha lá embaixo, de repente ouvi um tiro BANG! E todos começaram a gritar depois ouvi os berros das meninas e mais BANGs da arma, foi quando o ultimo BANG disparou e tudo ficou num silêncio absoluto. Ele não sabia que eu estava aqui eu sou uma criança rejeitada por ter sido fruto do pecado do senhor Swan e sua filha Elisa. Só hoje me libertei de lá e hoje todos estão mortos.

Eu a peguei no colo e a abracei forte, concordava que fantasmas e monstros eram maus, mas humanos, humanos são loucos.

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